Mistérios de Luxor

Templo de Luxor

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Chegamos em Luxor e pudemos contemplar do convés do navio Alyssa o lindíssimo pôr do sol sobre a cidade. Ficamos duas noites e quase dois dias hospedados com pensão completa no navio, este foi o tempo necessário para visitarmos os principais templos (Karnak, Luxor e Hatshepsut), os Colossos de Mêmnon, três tumbas no Vales dos Reis (Ramsés IV, Ramsés VI e Merneptah) e uma loja/fábrica de finos artesanatos locais.

Luxor

Ao visitar Luxor reserve pelo menos dois dias para conhecer os monumentos de ambos os lados do rio Nilo. No lado leste visite o Templo de Luxor e o Templo de Karnak. É neste lado do rio Nilo que os egípcios adoravam seus deuses. No lado oeste visite as Tumbas  e cemitérios onde enterravam os mortos no Vale dos Reis e Vale das Rainhas. Visite também no lado oeste o templo de Hatchepsut e os Colossos de Memom.

A atual cidade de Luxor era chamada na antiguidade de Tebas e foi a antiga capital do Egito a partir da décima segunda dinastia (1991 aC) e atingiu o seu apogeu durante o Império Novo. Foi a partir de Tebas que Thutmose III planejou suas campanhas, Akhenaten teve a primeira contemplação do seu deus único e Ramsés II estabeleceu seu ambicioso programa de construções.

Segundo as crenças dos antigos egípcios no deus do sol Rá, a vida começava todas as manhãs ao nascer do sol no Leste e depois repousava a Oeste com o pôr do sol. Daí a razão dos mortos serem enterrados a Oeste onde o sol se põe e o ciclo da vida começar todas as manhãs no Leste, onde as pessoas moravam em Luxor.

Templo de Luxor

O Templo de Luxor foi construído por Amenhotep III (1390-52 aC) e completado por Tutancâmon (1336-27 aC) e Horemheb (1323-1295 aC). Posteriormente teve ampliações por Ramsés II (1279-13 aC). Na parte traseira do templo foi construído um santuário de granito dedicado a Alexandre, o Grande (332-305 aC).

Desde a antiguidade o templo foi usado como local de adoração aos deuses. Durante a era cristã, o salão hipostilo do templo foi convertido em uma igreja cristã, existindo também vestígios de outra igreja copta no lado oeste do templo. O templo ficou soterrado  sob as ruas e casas de Luxor por vários séculos, inclusive tendo uma mesquita construída sobre ele. A mesquita foi cuidadosamente preservada quando o templo foi redescoberto e faz parte integrante do site atualmente.

Antes do templo ser ampliado por Ramsés II, a entrada do templo ficava originalmente na parte norte em uma colunata fechada de sete pares de colunas com 15 metros de altura com papiros abertos esculpidos no topo. O templo possui um imponente pátio hipostilo com trinta e duas colunas. Nos fundos, há quatro salas menores e uma antecâmara que leva à sala de parto, ao santuário e à capela de Alexandre, o Grande.

Templo de Karnak

Recordar a nossa primeira visita a este templo 33 anos atrás andando entre as colossais colunas e obeliscos foi literalmente uma viagem no tempo e uma das melhores lembranças da viagem ao Egito.

O início da construção do Templo de Karnak foi em 2055 aC e estima-se que ao longo dos séculos 30 faraós contribuíram com ampliações e modificações.  O templo é dedicado aos deuses Amon, Mut e Khonsu e é considerado o maior edifício religioso já construído no mundo.  Somente dentro da área do templo dedicado a Amon caberiam juntas dez catedrais europeias.

Uma avenida de Esfinges com cabeça de carneiro leva ao primeiro grande Portal do Templo de Karnak. As 20 esfinges de cada lado da avenida simbolizam o deus Amon e servem para proteger o templo.  O grande Portal é a entrada principal do templo e o último edifício construído em Karnak.

O grande salão hipostilo é o edifício mais incrível de Karnak. Considerado o maior salão religioso do mundo, foi construído por Seti (1290-1279 aC). O salão tem 103m de comprimento e 52m de largura sendo composto por 134 gigantescas colunas de pedra com 24m de altura e 3,5m de diâmetro.

Além do santuário principal, existem vários templos menores e um  lago sagrado com cerca de 10.000 m2 de área.  Na antiguidade o lago era cercado por depósitos e alojamentos para os sacerdotes, junto com um aviário para aves aquáticas.

Os egípcios acreditavam que no final do ciclo agrícola anual os deuses e a terra se esgotavam e exigiam uma nova entrada de energia do cosmos. Para realizar essa regeneração mágica, era promovido cultos anualmente no verão durante 2 a 4 semanas no chamado Festival de Opet. Durante os cultos as barcaças sagradas da tríade de deuses de Tebas flutuavam dentro do lago sagrado do Templo de Karnak.

O culto era também uma celebração da ligação entre o faraó e o deus Amon. A estátua do deus Amon era banhada com água benta, vestida com linho fino e adornada com jóias de ouro e prata. Os sacerdotes então colocavam o deus numa barca que era carregada nos ombros pelas ruas lotadas até o templo de Luxor. Uma tropa de soldados núbios servindo como guardas batiam seus tambores, músicos acompanhavam os sacerdotes em canções,  pães e bebidas eram distribuídos à população enquanto o incenso enchia o ar.

Colossos de Mêmnon

Os Colossos de Mêmnon ficam em Luxor e são os primeiros monumentos que se vê ao visitar o lado oeste da cidade. As estátuas gigantescas foram erguidas em homenagem a Amenófis III, faraó da Dinastia XVIII do Antigo Egito. As peças gigantescas foram lapidadas em quartzito e medem 18 metros de altura e pesam 1300 toneladas cada. Elas guardavam a entrada do antigo templo funerário de Amenófis III, que foi destruído com o tempo.

Colossos de Mêmnon

Os  Colossos de Mêmnon foram assim chamadas pelos Gregos devido à lenda do herói grego Mêmnon, o gigante das guerras de Tróia, filho de Aurora e morto por Aquiles. Segundo a lenda, Aurora pediu aos deuses para que seu filho Mêmnon morto voltasse, pelo menos uma vez por dia. Os deuses satisfizeram o seu pedido e diariamente, aos primeiros raios do sol, a mãe passou a escutar a voz do filho e chorava.  O seu choro mais se parecia com um lamento, um zunido, que acontecia sempre no final da madrugada.

Quando em 27 aC um tremor de terra danificou as estátuas, deixando rachaduras e gretas em uma delas. Todos os dias ao nascer do sol, durante a passagem do vento da manhã pelas gretas era produzido um zunido que muito lembrava a dor de Aurora pela perda do seu filho Mêmnon. Os visitantes gregos que escutavam o zunido vindo da estátua, o associaram à lenda grega e assim ficaram conhecidas as estátuas. Depois que Septímio Severo (193-210 dC) consertou as rachaduras da estátua, não foi mais ouvido o zunido provocado pelo vento nas rachaduras.

Templo Memorial de Hatshepsut

Construído ao pé das montanhas no lado oeste do Nilo, este templo marca a entrada do Vale dos Reis. O memorial honra a rainha Hatshepsut (1473-1458 aC) e é considerado uma das maiores realizações arquitetônicas egípcias. Com uma aparência quase moderna, o templo foi projetado por Senenmut (arquiteto de Hatshepsut) e se assemelha à arquitetura grega clássica que foi concebida  1.000 anos depois.

Templo Hatshepsut

A rainha Hatshepsut construiu inúmeros monumentos, edifícios e estátuas de si mesma erguidos para impressionar o antigo povo egípcio. O Templo de Hatshepsut levou 15 anos para ser concluído e o lugar do templo foi escolhido por causa de sua localização privilegiada num vale considerado sagrado cercado de montanhas numa área com conexão com a deusa funerária Hathor.

Embora Thutmose III tenha sido responsável por grande parte dos danos e profanações no templo, danos ainda maiores foram causados ​​por Akhenaton, o faraó herege da 18ª dinastia que só permitia imagens do Aton, o deus do sol.

O primeiro nível

O Templo de Hatshepsut tem três níveis. A entrada do templo é uma calçada que, na antiguidade era repleta de esfinges com árvores exóticas e arbustos trazidos das expedições comerciais de Hatshepsut à Punt (atual Etiópia) e Eritréia (atual Somália).

Havia uma colunata com pilares quadrados que abrigavam muitos relevos sofisticados que retratavam Hatshepsut em suas muitas viagens a Punt. Infelizmente, depois de sua morte, todos foram destruídos. Tudo o que resta são relevos retratando Thutmose III, e cenas dos antigos egípcios transportando grandes obeliscos pelo rio Nilo.

O segundo nível

Este nível contém uma dos primeiros registros pictóricos da expedição comercial a Punt, feita de 1482 aC a 1479 aC. Há também um santuário para a deusa Hathor que é retratada com um rosto de mulher e orelhas de vaca, estando com um instrumento musical nas mãos.

Este nível também é chamado de Colunata do Nascimento pois nele é retratado o nascimento de Hatshepsut. Para validar seu domínio sobre o Egito, mesmo durante a ascensão de Tutmés III à idade adulta, Hatshepsut afirmou ser a filha divina de Amon Ra. Nesses relevos, Amon Ra engravidou a rainha Ahmose e revela que a filha Hatshepsut governará o Egito.

O terceiro nível

Estátuas de Hórus, em forma de falcão, flanqueiam a rampa que leva do segundo pátio ao terceiro nível. Este terceiro nível abriga um pórtico com fileiras duplas de colunas. Na parte de trás há um pátio e várias câmaras. Enormes estátuas de Hatshepsut formavam as colunas mais afastadas, com colunas octogonais no interior.

A partir do terceiro nível do templo, que é fechado para a visitação do público, uma porta leva a duas capelas, uma dedicada ao culto real e a outra dedicada ao culto solar. Aqui, todas as imagens destruídas de Hatshepsut foram substituídas por imagens de Tutmés III.

Vale dos Reis

O Vale dos Reis é na verdade uma grande necrópole, um cemitério ou local de sepultamento localizado perto da antiga cidade egípcia de Tebas (hoje Luxor). Atualmente existem 63 tumbas que foram descobertos no Vale dos Reis pertencentes aos faraós e principais dignitários. As tumbas estão espalhadas pelas encostas e vales das montanhas em diferentes profundidades, com maior ou menor dificuldade de serem descobertas.

Muitas das tumbas foram descobertas e saqueadas pelos próprios egípcios na antiguidade, mas durante os séculos 19 e 20, o interesse renovado na egiptologia levou diversos egiptólogos europeus, a fazerem novas escavações no Vale dos Reis, na esperança de encontrar túmulos ainda não descobertos.

Todos as tumbas na região de Luxor são numeradas e codificadas com as legendas KV, QV, WV e TT que indicam a sua localização da seguinte forma:

  • KV2: KV  refere-se ao Vale dos Reis (King Valley) e 2 refere-se ao faraó  Ramsés IV
  • QV66: QV refere-se ao Vale das Rainhas (Queen Valley) e 66 refere-se a Nerfertari
  • WV23: WV refere-se ao Vale Ocidental (West Valley) e 23 ao faraó Ay
  • TT55:  TT refere-se Tumba de Tebas (Tebas Tomb) e 55 refere-se ao faraó  Ramose

Na área denominada Tumba de Tebas (TT),  há pelo menos 415 túmulos catalogados que são locais de sepultamento de nobres e funcionários importantes da corte.

 O Ticket de entrada no Vale dos Reis custa 200 EGP (~US$24,00) e permite a entrada em três tumbas a serem escolhidas pelo visitante (exceto a tumba de Tutancâmon). O nosso Guia nos indicou as Tumbas de Ramsés IV, Ramsés VI e Merneptah. A permissão para fotografar o interior das Tumbas no Vale dos Reis é de 300,00 EGP (~US$17,00), com exceção da tumba de Tutancâmon.

O Ticket de entrada na tumba de Tutancâmon custa 80 EGP e deve ser comprada separadamente, sendo proibido fotografias no interior da tumba.

Tumba de Ramsés IV

A tumba de Ramsés IV (1151 aC – 1145 aC) é decorado com várias cenas nas paredes e teto, incluindo algumas do Livro dos Mortos. Ele também contém graffiti em hieróglifos mais uma evidência de que esse túmulo foi construído por egípcios, em vez de escravos. A tumba foi descoberta pelo arqueólogo britânico Edward Ayrton no início do século 20, mas infelizmente os seus tesouros já haviam sido saqueados na antiguidade.

Tumba de Ramsés IV

Tumba de Mernenptah

A tumba de Merneptah (1213 aC – 1203 aC) originalmente continha um conjunto de quatro sarcófagos aninhados. O túmulo sofreu danos causados ​​por inundações na antiguidade. A tumba foi saqueada na antiguidade e redescoberta no início do século 20 pelo arqueólogo britânico Howard Carter que é mundialmente famoso por ter descoberto anos mais tarde a tumba intacta de Tutancâmon.

Vale dos Reis

Tumba de Ramsés VI

A construção da tumba foi iniciada pelo faraó Ramsés V, mas foi Ramsés VI (1141 aC – 1133 aC) que terminou a escavação e decorou as novas seções em seu nome e imagem. Até as imagens e cartelas de Ramsés V foram alteradas. Não se sabe se o corpo de Ramsés V foi removido ou se os dois reis compartilharam o túmulo. Não muito tempo depois do enterro dos Ramsés, a sexta tumba foi saqueada por invasores de tumbas que mutilaram sua múmia para roubar tesouros. A tumba foi redescoberta em 1898 pelo arqueólogo francês Georges Daressy.

Tumba de Tutancâmon

A tumba de Tutancâmon (1336-aC – 1327 aC) foi descoberta praticamente intacta no dia 4 de novembro de 1922 pelo arqueólogo britânico Howard Carter. A tumba é muito simples e mal acabada se comparada com outras tumbas do Vale dos Reis. Embora Tutancâmon tenha sido um faraó sem grandes realizações e ter governado por um curto período de templo, o tesouro encontrado em sua tumba é fantástico. A maior parte do tesouro, incluindo a sua máscara de ouro, está exposto no Museu Egípcio no Cairo. A múmia do faraó e o seu caixão de madeira laminado em ouro estão expostos no interior da tumba.

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Texto: José Maria

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