Aswan e o cruzeiro pelo Nilo

Templo de Philae

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A cidade de Aswan, no extremo sul do Egito, é a favorita dos turistas há mais de 200 anos. Até mesmo Agatha Christie escreveu um de seus livros mais famosos (Morte no Nilo) em Aswan, hospedada no histórico Old Cataract Hotel. Aswan também é o ponto de partida (ou chegada) dos cruzeiros pelo Rio Nilo para Luxor e pelo Lago Nasser para Abu Simbel. 

Após deixarmos o navio Omar El Khayam que fez o cruzeiro pelo Lago Nasser, o Guia nos transferiu para um novo navio (Alyssa) para fazer o cruzeiro pelo Rio Nilo. Antes de fazermos o check-in no navio Alyssa fizemos uma visita ao Templo de Philae e ao Obelisco Inacabado. Em seguida fomos para o navio Alyssa onde fizemos check-in e almoçamos. Na parte da tarde fomos visitar a Barragem Alta, o Jardim Botânico e visitamos uma loja de essências.

No dia seguinte o navio partiu para o cruzeiro pelo Rio Nilo com paradas para visitar os templos de Kom Ombo e de Edfu. O final do cruzeiro pelo Rio Nilo foi em Luxor, onde o navio ficou ancorado por dois dias para que pudéssemos visitar os monumentos, os templos e as tumbas da região. 

Templo de Philae

O templo de Philae em Aswan é um dos mais belos e bem preservados do Egito.  Atualmente as duas ilhas originais conhecidas coletivamente como Philae estão submersas sob as águas do Rio Nilo, uma inevitável conseqüência da construção da Represa Baixa em 1902. Com a construção da Represa Alta na década de 1960, o nível da água na Represa Baixa se regularizou e passou a inundar o Templo de Philae durante todos os meses do ano, o que não acontecia anteriormente.

Templo Philae

Com o objetivo de salvar o Templo de Philae da inundação, um enorme projeto da UNESCO na década de 1960 transferiu o templo para um lugar mais alto na ilha Agilkia. Cada bloco de pedra do complexo do templo foi rotulado e removido para ser montado, como um quebra-cabeça gigante, no alto da ilha Agilka. Todo o projeto levou dez anos e salvou um dos mais belos templos do Egito do desaparecimento nas águas da Represa Baixa.

O Templo de Philae é considerado como o último dos antigos templos construídos no estilo clássico egípcio. A sua construção foi iniciada por Ptolomeu II e completada pelos imperadores romanos posteriores. Foi no Templo de Philae que os últimos hieróglifos foram escritos.

Depois da queda dos faraós, os antigos deuses egípcios continuaram a ser adorados nesta região. Foi o imperador romano Justiniano I que ordenou posteriormente a conversão do templo em um local de culto cristão. Por essa razão, podem ser vistas mutilações feitas nos baixos relevos nas paredes do templo em figuras de alguns deuses pagãos egípcios, provavelmente feitas pelos cristãos.

O Templo Philae é um dos muitos templos construídos em homenagem à deusa Ísis e serve como um notável exemplo do culto em torno da deusa, incluindo seu marido Osíris e o seu filho Hórus. Esses três personagens dominam a antiga cultura egípcia e sua história possui todo o drama de uma verdadeira tragédia Shakespeariana.

Após o deus Osíris ser assassinado e desmembrado por seu irmão Seth, Ísis procura os pedaços do marido e os une com seus poderes mágicos, trazendo Osíris de volta à vida. Eles então concebem o filho, o deus Hórus. Mais tarde, quando Hórus fica adulto, ele vinga seu pai ao derrotar Seth em combate.

Isis é uma figura muito importante no mundo antigo. Ela é associada com ritos fúnebres, como a responsável pela ressurreição de Osíris e por ter dado à luz a Horus. Durante o período romano, seu culto se espalhou pela Grécia e pelo Império Romano havendo até templos dedicados a ela em território europeu.

Jardim Botânico de Aswan

A visita ao Jardim Botânico deve ser combinado com um passeio de Felucca, um pequeno barco à vela, para ir até a ilha onde fica o Jardim Botânico de Aswan. Separe gorgeta para as crianças em barquinhos  que rodeiam a Felucca cantarolando músicas para os turistas. Não espere encontrar no Jardim Botânico flores bem cuidadas e gramados esverdeados. Em vez disso, você encontrará um lindo parque para passar uma hora passeando por belas fileiras de altas palmeiras.

Felucca no Rio Nilo

Represa Alta de Aswan

A represa alta de Aswan trouxe regularidade nas cheias no rio Nilo abaixo da represa gerando também energia elétrica que trouxe prosperidade ao Egito. Por outro lado causou o desaparecimento de inúmeros locais históricos,  obrigando a realocação de dezenas dos templos e monumentos mais famosos.  

Antes da barragem, o rio Nilo e suas inundações anuais ditavam tudo, desde a estação de plantio até onde você podia construir casas. Hoje o nível do rio é absolutamente contolado pelo fluxo de água liberado pela barragem.

Ao se visitar a Barragem Alta não se vê muito da barragem em si como vemos no Brasil ao visitarmos a Barragem de Itaipu. Uma dica é tentar aproveitar a chegada ou saída do seu avião no aeroporto de Aswan para olhar do alto a barragem.  

Obelisco Inacabado

Embora os hierogrifos egípcios nos contam praticamente tudo sobre os ritos fúnebres e os deuses do antigo Egito, raramente mostram coisas e atividades  do cotidiano. Infelizmente os registros que nos poderiam contar essa história foram perdidos e não chegaram até nós.

Como os grandes monumentos Egípcios em granito eram construídos? Existe em Aswan uma pedreira de granito que pode nos ajudar a decifrar esta historia.  Esta pedreira foi utilizada na antiguidade para a retirada de pedras para fazer diversos monumentos no Egito, inclusive no Cairo, a centenas de quilômetros de Aswan.

Obelisco inacabado

Na pedreira existe um gigantesco Obelisco inacabado que foi abandonado na antiguidade antes de ser finalizado por ter se partido… Os historiadores acreditam que os trabalhadores estavam esculpindo o Obelisco e o mesmo se partiu em um ponto antes de ser terminado, então o projeto foi abandonado. Este Obelisco inacabado nos dá uma boa idéia de como esses gigantescos monólitos eram criados sem a ajuda de dinamite.

Cruzeiro pelo Rio Nilo

O cruzeiro pelo Rio Nilo foi diferente do cruzeiro pelo Lago Nasser. Primeiramente pelo nível do serviço e infra-estrutura dos navios. O navio Omar El Khayam no Lago Nasser era bem maior e com um serviço bem mais requintado que o Alyssa do cruzeiro pelo Rio Nilo. Outra diferença marcante foi a paisagem que no Lago Nasser deixava as margens do lago muito distantes do navio devido à imensidão do lago. Já no cruzeiro do Rio Nilo era possível apreciar de perto o contraste nas margens do rio entre o verde da vegetação  e o marrom da areia do deserto.

Cruzeiro no Nili, Alyssa

 O nosso navio saiu de Aswan antes do sol nascer na manhã do dia seguinte, de modo que quando acordamos  ele já estava ancorado em Kom Ombo.  Tomamos o café da manhã às 7:00hs da manhã e fomos com o nosso Guia visitar o templo que ficava ao lado do ancoradouro.

Após a visita ao Templo de Kom Ombo o navio partiu rumo a Edfu. Ficamos apreciando a paisagem nas tendas junto à piscina no convés do navio. Durante  o almoço o navio ancorou em Edfu. Em seguida pegamos juntamente com o nosso Guia uma charrete na frente do ancoradouro e após  uns 3 km pelas ruas de Edfu chegamos ao Templo.

Após a visita ao tempo retornamos ao navio e fomos para o convés do navio para apreciar a linda paisagem do Rio Nilo. Chegamos em Luxor no final da tarde com um lindo pôr do sol sobre a cidade. Ficamos hospedados no barco ancorado em Luxor por duas noites enquanto visitávamos os templos, os monumentos e as tumbas da região. Na tarde do segundo dia o Guia nos levou para o aeroporto de Luxor para pegar nosso vôo para o Cairo onde tivemos nosso último pernoite no Egito.  

Templo de Kom Ombo

O Templo de Kom Ombo sempre fascinou os historiadores porque se acredita que ele seja o único templo construído durante a dinastia ptolomaica para honrar dois deuses: Sobek e Hórus. Por essa razão, existem duas estruturas idênticas construídas no templo e a precisão com que isso foi feito é verdadeiramente notável.

Templo Kom Ombo

A construção do templo original de Kom Ombo ocorreu entre 180 aC e 145 aC, pouco depois de Ptolomeu VI começar a reinar sobre o Egito. Uma série de outras construções ptolomaicas foram acrescentadas  à estrutura original, com Ptolomeu XIII dando  a maior contribuição entre 51 aC e 47 aC, quando acrescentou os dois grandes salões hipostilos.

Por causa do seu propósito de honrar dois deuses, o Templo de Kom Ombo teve que ser construído com tudo em dobro, incluindo corredores, salas  e santuários. O templo tem uma entrada dupla, pois um lado do templo é dedicado a Sobek, o deus da fertilidade e reparador do mal no mundo e o outro lado do templo é dedicado ao deus falcão Hórus. A duplicação faz com que o templo seja perfeitamente simétrico ao longo do eixo principal.

Infelizmente, parte do Templo de Kom Ombo foi destruído por terremotos, que ocorreram ao longo dos séculos. Os trabalhadores também usaram pedras e outras partes do templo para outras construções na região. Muitas dos baixos relevos e relíquias originais que antes ficavam dentro do templo também foram desfiguradas pelos cristãos, em uma tentativa de erradicar quaisquer sinais de paganismo.

O templo também tem algumas imagens gravadas em relevo bem preservadas de vários instrumentos médicos usados ​​para cirurgias e obstetrícia. Os arqueólogos acreditam que essas são as imagens mais antigas já descobertas sobre o tema.

O Templo de Kom Ombo é considerado por muitos como um santuário para um antigo culto ao crocodilo. Embora Sobek fosse visto como um deus egípcio, a adoração a ele só acontecia em algumas partes do Egito onde os crocodilos eram comuns. Os visitantes poderão ver em um museu anexo uma série de múmias de crocodilo que foram descobertas recentemente nas proximidades.

Em Kom Ombo, você também encontrará um dos poucos Nilômetros restantes. Estes instrumentos antigos foram feitos para medir a altura do dilúvio do rio Nilo. As medições foram usadas para determinar o imposto em determinado  ano. Quando enchente era grande significava alta fertilidade e impostos mais altos.

Templo de Edfu

O Templo de Edfu é um templo greco-romano construído durante a dinastia ptolemaica, sendo sem dúvida um dos templos mais bem preservados do Egito. O motivo da sua conservação é o fato do Templo de Edfu  ter ficado por muito tempo soterrado.

Templo Edfu

Em um ponto da história, o Templo de Edfu foi soterrado pela areia do deserto ficando a uma profundidade de 39 metros durante séculos. Somente em meados século XIX, em uma  escavação iniciada por Auguste Mariette, o arqueólogo redescobriu o templo. Após um grande projeto de retirada  de areia o imponente Templo de Edfu foi apresentado ao mundo moderno.

Considerado o maior templo dedicado ao deus Hórus no Egito, a construção do templo de Edfu começou no ano 237 aC durante o reinado de Ptolomeu III. No entanto, o templo original era bem menor, consistindo por apenas dois salões transversais, um santuário, um salão com pilares e algumas pequenas capelas. O Templo Edfu, como o conhecemos hoje, só foi completado anos depois em 57 aC, durante o reinado de Ptolomeu XII, pai de Cleópatra VII.

Em 391 dC, o imperador Teodósio I de Roma declarou todos os cultos não cristãos ilegais em todo o Império Romano. Como resultado, os egípcios não podiam mais usar o templo para fins religiosos. A partir desta época ocorreram as mutilações nos relevos das paredes, nos artefatos e esculturas  do templo,  feitas pelos cristãos que haviam tomado o controle do Egito. Os historiadores acreditam que as mutilações e as destruições foram causadas pelos cristãos na tentativa de erradicar quaisquer vestígios de paganismo.

Alguns dos principais destaques do templo, incluem os inúmeros relevos ​​visíveis em suas paredes e que adornam a entrada. O portal também é decorado com relevos e esculturas representando Ptolomeu XII conquistando seus inimigos. Na entrada existem as duas  maravilhosas estátuas em granito do deus Hórus, como falcões que guardam a entrada do templo. O pátio interno é cercada nos três lados por 32 colunas, cada uma com diferentes capitéis florais.

Em ambos os lados do salão hipostilo exterior existem pequenas câmaras, a do lado direito era a biblioteca do templo onde os textos rituais eram armazenados e a câmara da esquerda era o salão de consagrações com uma sacristia onde vestes e vasos usados em rituais eram guardados. O salão possui 12 colunas e as paredes são decoradas com relevos da fundação do templo.

O salão hipostilo interior também tem 12 colunas e a parte superior esquerda da sala era o laboratório onde  os perfumes e incensos eram cuidadosamente preparados com os ingredientes listados nas paredes e também era o lugar onde ficavam armazenados.

A grande porta existente no salão hipostilo interior leva à câmara de oferendas  que tem um altar onde as oferendas diárias de frutas, flores, vinho, leite e outros alimentos eram deixados. No lado oeste, 242 degraus levam até o telhado do templo com uma vista fantástica do Nilo e dos campos ao redor. Infelizmente o acesso ao telhado é fechado aos visitantes.

A segunda antecâmara dá acesso ao santuário em granito dedicado ao deus Hórus. Criado durante o reinado de Nectanebo II (360-343 aC), este santuário foi reutilizado mais tarde pelos Ptolomeus em seu novo templo. No interior do santuário está uma réplica de uma barca de madeira na qual a estátua de Hórus era transportada em procissões durante ocasiões festivas. A barca original de madeira está no Louvre, em Paris.

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Texto: José Maria

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