Normose: É normal ser normal?

normose

O ser humano está sofrendo de “normose”, a doença de ser normal

Todo mundo quer se encaixar num padrão.
Só que o padrão propagado não é exatamente fácil
de alcançar. O sujeito “normal” é magro, alegre,
belo, sociável, e bem-sucedido. Bebe socialmente,
está de bem com a vida, não pode parecer de forma
alguma que está passando por algum problema. Quem
não se “normaliza”, quem não se encaixa nesses
padrões, acaba adoecendo.

A angústia de não ser o que os outros esperam de
nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico
e outras manifestações de não enquadramento.
A pergunta a ser feita é: quem espera o quê de nós?
Quem são esses ditadores de comportamento a quem
estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas?
Eles não existem.

Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo
que você seja assim ou assado. Quem nos exige é
uma coletividade abstrata que ganha “presença”
através de modelos de comportamento amplamente
divulgados. Só que não existe lei que obrigue
você a ser do mesmo jeito que todos, seja lá
quem for todos. Melhor se preocupar em ser você
mesmo.

A normose não é brincadeira.
Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia
de querer o que não se precisa. Você precisa de
quantos pares de sapato? Comparecer em quantas
festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão
chegar? Frequentar terapeuta para bater papo?

Não é necessário fazer curso de nada para aprender
a se desapegar de exigências fictícias.
Um pouco de auto-estima basta. Pense nas pessoas
que você mais admira: não são as que seguem todas
as regras bovinamente, e sim, aquelas que
desenvolveram personalidade própria e arcaram com
os riscos de viver uma vida a seu modo.
Criaram o seu “normal” e jogaram fora a fórmula,
não patentearam, não passaram adiante. O normal de
cada um tem que ser original.

Não adianta querer tomar para si as ilusões e
desejos dos outros. É fraude. E uma vida
fraudulenta faz sofrer demais.

Eu simpatizo cada vez mais com aqueles que lutam
para remover obstáculos mentais e emocionais, e a
viver de forma mais íntegra, simples e sincera.
Para mim são os verdadeiros normais, porque não
conseguem colocar máscaras ou simular situações.
Se parecem sofrer, é porque estão sofrendo. E se
estão sorrindo, é porque a alma lhes é iluminada.

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Entrevista do Professor Hermógenes, 86 anos, sobre
o ser humano estar sofrendo de normose, a doença de ser normal.

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