(1969) Procurar duas pontas de caminhos tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo, discutir ideologia a partir da contra-ideologia, ou o que é pior, discutir ideologia onde ela mora enfaticamente: na cultura americana ou o seu american live. Easy Rider é um filme de motoqueiros para motoqueiros.
Uma das pontas desta belíssima película é desvendar este mundo no que ele tem de fantástico: o visual, a ausência de destino e principalmente, captar o espírito da viagem em si, da saída de casa e sua simbologia (o relógio caído) do atravessar o deserto escaldante e perpassar uma américa dividida entre o o rural e o progresso urbano. A sedução de uma highway, no meio de um imenso deserto de sois e planaltos que se avolumam densamente, como psicodélicas imagens retratadas a pincel e esponja; o delírio de andar, sempre e sempre em caminhos, desvios e desvãos que misturam a realidade com o movimento.
Montados em suas motos, ambas de estilos diferentes: chopper com guidão alto, bem tradicional e esportiva no sentido harley; e outra guidão t-bar, quase uma dragster dos anos 70, quicando no asfalto bruto enfileirado na areia e visões amarelas da estrada.
Uma lenda se constrói a partir de sensações e devaneios, onde a presença milagrosa da imagem, do vento, do barulho do motor aberto de dois cilindros em V podem proporcionar; esta lenda passa a ser mito na medida em que é modelo, símbolo e passa a mediar o desejo incontrolável de imitar, sentir o que se sente quando se pega uma estrada com uma motocicleta…